Varejo, indústria e entidades analisam desafios do novo governo -

Varejo, indústria e entidades analisam desafios do novo governo

Brasília - Michel Temer toma posse como presidente da República em solenidade no Congresso Nacional (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Brasília – Michel Temer toma posse como presidente da República em solenidade no Congresso Nacional (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Para lideranças entrevistadas pelo Novo Varejo, consolidação da confiança da sociedade brasileira está condicionada à aprovação das reformas pelo Congresso

Lucas Torres

jornalismo@novomeio.com.br

Depois de nove meses de intensa mobilização de toda a sociedade brasileira, o processo de impedimento da agora ex-presidente da República Dilma Rousseff conheceu seu final na noite de 31 de agosto. A aprovação do impeachment pelos senadores deu fim à interinidade de Michel Temer, que assume o governo em definitivo até 31 de dezembro de 2018.

Como herança da instabilidade institucional, o novo presidente recebe uma das maiores recessões da história do país, com quedas seguidas no PIB, alto índice de desemprego, baixo nível de consumo, queda na produção da maioria dos segmentos da indústria e agudas contrações de investimentos.

O peemedebista herda ainda uma base mais fluida do que gostaria. Tendo de conviver, já nos meses de interinidade, com uma espécie de coação por parte de aliados no processo de impedimento, seu governo tenta se equilibrar na perigosa corda bamba que divide aquilo em que sua equipe acredita e aquilo que seus mais recentes parceiros – casos de PSDB, DEM e PP – desejam.

Como se não bastassem todas essas dificuldades, o nome de Temer chega acompanhado de uma taxa de impopularidade capaz de, a qualquer momento, fazer eclodir uma nova onda de protestos em todo o país.

Mas, embora no roseiral do novo governo sobrem espinhos, alguns acontecimentos dos últimos meses fizeram brotar pétalas encorajadoras para um futuro menos hostil. Setores importantes da sociedade brasileira – como associações ligadas à industria e ao comércio, bem como parte dos consumidores – parecem ter dado um necessário voto de confiança a Michel Temer e sua equipe.

CONFIANÇA

Tal cenário se apresenta de forma clara nos chamados índices de confiança, que passaram a se recuperar substancialmente a partir do mês de abril de 2016, período em que foi encaminhado o afastamento temporário de Dilma.

Isolando a passagem do mês de julho para agosto, por exemplo, pode-se observar que o Indicador de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) registrou elevação de 4,2 pontos; enquanto Índice de Confiança do Comércio (ICOM) e Índice de Confiança do Consumidor (ICC) registraram alta de 7,2 e 2,6 pontos, respectivamente.

Mesmo importantíssimos, os índices de confiança de forma isolada não são capazes de promover uma real recuperação na economia nacional – os economistas acabam os considerando como uma espécie de ‘trégua’ concedida pelos agentes econômicos do país, até que haja sinais e efetiva concretização de ao menos algumas das reformas consideradas fundamentais para a retomada da normalidade da atividade econômica e, em médio prazo, seu crescimento.

A fim de apurar e compreender as expectativas desses agentes diante do momento de transição que vivemos, o Novo Varejo conversou com importantes lideranças dos setores industrial, comércio e, claro, varejo de autopeças, além de entidades da reposição automotiva, captando seus anseios mais urgentes e suas projeções para aquela que podemos chamar de ‘era Michel Temer’.

 


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