A maior oferta de crédito formal e a chegada do auxílio emergencial às camadas mais pobres fizeram com que a cidade de São Paulo figurasse entre as capitais com menos famílias inadimplentes ao fim do primeiro semestre de 2020, marcado pela crise de covid-19, segundo a Radiografia do Endividamento, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Na metrópole paulista, apenas 16% dos lares tinham alguma dívida em atraso até junho – número abaixo da média das outras capitais (26%) e da própria taxa que a cidade tinha em junho de 2019 (20%).
É a quinta capital com a menor proporção de famílias inadimplentes, atrás apenas de João Pessoa (PB), Rio Branco (AC), Distrito Federal e Palmas (TO).
Por ser a mais populosa do Brasil, é na capital paulista que se encontra o maior volume total de dívida das famílias: a soma dos dividendos fica torno de R$ 5,7 bilhões, redução de 2,6% em comparação a junho de 2019.
Em um cenário de aumento do endividamento no País, as famílias paulistanas também se mantiveram em situação semelhante à do ano passado: em junho, 56% delas estavam endividadas, a mesma proporção em 2019. Em números absolutos, 2,36 milhões de lares estavam com alguma dívida até o fim do primeiro semestre em São Paulo.
Os dados da radiografia referentes ao Estado de São Paulo corroboram as tendências da capital: o número de famílias endividadas, considerando o fim do primeiro semestre, foi de 55,6% – abaixo da média nacional, de 67,4%. Da mesma forma, a proporção de lares paulistanos com dívidas em atraso, no período analisado, foi de 15,9% – ante uma média brasileira de 26,3%. No Estado, a parcela dos rendimentos mensais comprometidos com dívidas foi de 28,1%, enquanto, no Brasil, este dado foi de 30,3%.
Para a FecomercioSP, os números na cidade de São Paulo se explicam, em parte, por ter a segunda maior renda média mensal entre as capitais brasileiras (R$ 8.570, atrás apenas de Vitória, com R$ 9.037), pelo auxílio emergencial do governo federal (cujos pagamentos começaram em abril) e, no caso da inadimplência, pela maior oferta de crédito formal em relação a regiões como Norte e Nordeste.
Demais capitais do Sudeste
Entre as capitais da região, apenas Belo Horizonte (MG) registrou comprometimento da renda média mensal das famílias com dívidas em um patamar acima de 30%. Na metrópole mineira, 32% de tudo o que os lares recebem são dispendidos para este tipo de conta. Além de São Paulo, as proporções foram de, exatamente, 30% em Vitória (ES) e de 29% no Rio de Janeiro (RJ).
No entanto, foi na capital capixaba que houve o maior crescimento no número de famílias com dívidas: 19,1% entre junho de 2019 e o mesmo mês deste ano. Hoje, oito em cada dez famílias vivendo na cidade (78%) estão endividadas.
Este número foi de 11% no Rio de Janeiro e de 4,2% em BH. São Paulo também obteve o melhor desempenho neste quesito: a expansão de lares endividados foi de tímido 0,4%.
Cresce mais dívidas do que famílias no Brasil
Em meio à pandemia de covid-19, o número de famílias endividadas nas capitais brasileiras subiu no primeiro semestre do ano a uma velocidade seis vezes maior do que o crescimento do próprio volume de novas famílias: de 10,6 milhões para 11,2 milhões de núcleos familiares com alguma dívida.
Enquanto o número de famílias subiu 0,8% (pouco mais de 126 mil novas famílias) em junho de 2020, em comparação a junho de 2019, o endividamento familiar teve alta de 6% (quase 638 mil a mais de lares) no mesmo intervalo de tempo. Sendo assim, não é exagero afirmar que uma família pode obter dívidas antes mesmo de se formar.
Segundo os dados, 67,4% das famílias brasileiras vivendo em capitais estavam endividadas ao fim do primeiro semestre – número que era de 64,1% em 2019.