Em dezembro de 2022, a inadimplência entre as famílias que moram na cidade de São Paulo apresentou queda: passou de 25,8%, em novembro, para 25,5%. A maior redução no número de lares com contas em atraso foi constatada entre as que possuem renda de até dez salários mínimos – para este grupo, o recuo foi de 31,8% para 31,2%.
Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Os indicadores que avaliam o comportamento do consumidor também fecharam o ano com números mais favoráveis. O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) e o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) obtiveram aumentos de 2,3% e 5,2%, respectivamente, tendência que deve persistir no início deste ano.
De acordo com a FecomercioSP, apesar da queda da inadimplência ainda ser pequena, o cenário mostra o início de um ciclo de redução das famílias com contas em atraso. Este contexto, somado a um consumidor mais otimista, com maior renda e emprego, aumenta o potencial de compras no comércio.
Para o grupo de renda mais alta (acima de dez salários mínimos), houve estabilidade na inadimplência – passando de 11%, em novembro, para 11,1%.
Endividamento cai e atinge 74% das famílias
A pesquisa mostra ainda que o endividamento registrou queda, ao passar de 76,3%, em novembro, para 74%, em dezembro de 2022. No mesmo período do ano anterior, o porcentual foi de 74,5%. São 2,98 milhões de lares com algum tipo de dívida, saindo da casa dos 3 milhões.
Vale ressaltar que o crédito é essencial para a economia, e o endividamento elevado não se mostra necessariamente ruim, sendo benéfico quando as famílias têm condições de arcar com o compromisso. Contudo, neste momento, é positivo o recuo da variável, pois o cenário ainda é desafiador. Diante de juros elevados, é válido frear os gastos para organizar as finanças e voltar ao consumo de forma mais saudável.
A retração do endividamento também foi puxada pelas famílias de renda mais baixa. Para este grupo, o porcentual de lares com algum tipo de dívida atingiu 76,9% em dezembro, ante 79,9% do mês anterior. Entre as famílias com renda mais elevada, a taxa apontou pequena queda: de 65,8% para 65,5%.
O cartão de crédito continua sendo o principal tipo de dívida, com 84,6% dos endividados. Na sequência, vêm carnês (15,1%), financiamento de carro (12%) e crédito pessoal (10,6%).
Contas em atraso devem diminuir de forma gradativa
Em números absolutos, dezembro somou 1,03 milhão de lares paulistanos inadimplentes em dezembro de 2022 – na comparação anual, a atual quantidade de famílias inadimplentes está 5,3% pontos porcentuais acima do observado em dezembro de 2021, representando 222 mil lares a mais do que há um ano.
Apesar da melhora relativa na comparação mensal, conforme mencionado no início do texto, os números da PEIC ainda estão longe de chegar a um patamar confortável. No entanto, indicadores apontam que o pico da inadimplência foi atingido nos últimos meses e deve começar a cair, a partir de 2023, de modo gradativo.
Notas metodológicas
PEIC
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos.
ICF
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.
ICC
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, se apresenta como: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
Notícias Relacionadas
Pequenos negócios ampliam presença digital para conquistar clientes
Levantamento feito pelo Sebrae aponta que o WhatsApp é usado por 74% das empresas e 94% das MPE que estão em alguma rede social já contam com perfil no Instagram
Christiane Benassi
Incerteza da economia cai 6,1 pontos na prévia de setembro, diz FGV
O resultado mostra uma aceleração da tendência de queda em relação a agosto, quando o indicador havia recuado 3,4 pontos.
Editor
Renda média do brasileiro recua 9% em um ano
Valor subiu entre o último trimestre do ano passado e os três primeiros meses deste ano, mas recuou em comparação ao mesmo período de 2021
Christiane Benassi
Em novembro, intenção de Consumo das Famílias fica estável
Indicador ficou em 104,9 pontos, em uma escala de 0 a 200 pontos
admin - Agência Brasil