Estado de S. Paulo
Começam a surgir no País os primeiros sinais de mudanças nas cadeias de abastecimento da indústria e do comércio, provocadas pelo choque da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia. A disparada da inflação global, a interrupção no fluxo de mercadorias e o aumento do preço do frete marítimo estão levando a indústria a investir na verticalização da produção ou a prospectar mercados de mais baixo risco para novos investimentos. Esse movimento deixa de lado o modelo tradicional de globalização e aposta na regionalização.
Desde de 2020, o que se vê na indústria de bens duráveis, como eletroeletrônicos, eletroportáteis, informática, autopeças e motocicletas, é o avanço de novos projetos para produzir localmente parte dos itens que antes eram importados, sobretudo da China.
Esse movimento já aparece na Zona Franca de Manaus (ZFM), que é a porta de entrada de empresas estrangeiras por oferecer benefícios fiscais. Lá, o número de projetos industriais aprovados não para de crescer desde o início da pandemia. Em 2020, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), aprovou 142 projetos; em 2021, foram 176 e a perspectiva é fechar este ano com 198, segundo o coordenador de projetos industriais da Suframa, o economista Marcelo Pereira.
O Brasil, na visão de especialistas, aparece na lista dos destinos com mais chance de fazer parte desse novo modelo de regionalização da cadeia de produção, ao lado de México, Vietnã e Austrália. O País é favorecido por ter potencial para produzir com uma matriz energética limpa, não ter conflitos geopolíticos, ser capaz de abastecer a América Latina e estar relativamente próximo dos Estados Unidos e da Europa.