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União pode criar terceiro maior grupo automobilístico do mundo, com vendas anuais de 8,7 milhões de veículos
A Fiat Chrysler (FCA) apresentou nesta segunda-feira (27) um projeto de fusão com a montadora francesa Renault, o que criaria o terceiro maior grupo mundial do setor — ficando atrás da Volskwagen e Toyota — com vendas anuais de 8,7 milhões de veículos e “uma forte presença em regiões e segmentos chave”. Segundo a proposta, o novo grupo pertenceria em 50% aos acionistas da Fiat Chrysler e em 50% os acionistas da Renault. As ações teriam cotações nas bolsas de Milão, Paris e Nova Iorque, contou a FCA em um comunicado. Também garantiu que o acordo não provoca fechamento das fábricas. A sede legal da nova empresa estará localizada na Holanda, assim como já acontece com a FCA.
Há também a possibilidade da operação incluir a Nissan e Mitsubishi, que atualmente formam uma aliança com a Renault. Se isso acontecer, o grupo resultante assumiria a liderança no mercado mundial, com 15,6 milhões de veículos vendidos por ano, 50% a mais que a líder Volkswagen. A Renault possui 43% das ações da Nissan, e esta retém 15% da montadora francesa. Porém, de acordo com a FCA, a proposta atual “se encontra em uma agregação com a Renault”.
No comunicado, o grupo ítalo-americano ressalta a necessidade de tomar “decisões corajosas para aproveitar as oportunidades que surgiram no setor automotivo em campos como conectividade, eletricidade e veículos autônomos”. A aliança também abrangeria outras marcas como Alfa Romeo, Dacia, Dodge, Jeep, Lada, Maserati e Ram.
O porta-voz do governo francês — que também é acionista da Renault — afirmou ser favorável à fusão. Segundo Mike Manley, CEO da FCA, a operação poderia durar um ano: “O conselho e eu estamos confiantes em nossa estratégia independente e olhamos para essa fusão em uma posição de força”, disse o executivo, em uma carta para funcionários do grupo.
“Essas operações trazem benefícios para ambos os países”, corrobora o presidente da FCA, John Elkann, que prometeu não fechar nenhuma fábrica. A oferta chega em meio à crise que se abateu sobre a Renault com a prisão de seu ex-presidente, o brasileiro Carlos Ghosn, que é acusado no Japão de crimes fiscais. Ghosn argumenta que as denúncias contra ele foram articuladas pelos executivos da Nissan, montadora da qual ele também era presidente, para forçar uma revisão da parceria com a Renault.