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Hora de trabalhar

 

Marcus Vinicius, diretor de Aftermarket da Sabó, antecipa as inovações tecnológicas da marca e as expectativas para o aftermarket

 A conjuntura política e econômica não impactará o mercado de reposição. A avaliação é de Marcus Vinícius, diretor de Aftermarket da Sabó. “Temos que trabalhar, temos que continuar capacitando o aplicador, temos que atualizar nossos portfólios, temos que atender bem os consumidores. O mercado está crescendo e precisamos estar preparados para ele”.

Novo Varejo – Quais são as mais recentes inovações tecnológicas no segmento de juntas e retentores?

Marcus Vinícius – Para os produtos da linha de juntas, as inovações mais recentes estão voltadas para os veículos híbridos, cuja característica é a disponibilidade de torque já a baixas rotações e, nesta condição, as juntas convencionais não suportam o torque da transmissão e se rompem. Para resolver este problema, desenvolvemos as juntas de alumínio com borracha. O mais interessante é que a fabricação deste produto só foi possível devido ao desenvolvimento de outras tecnologias, como a de adesão entre alumínio e borracha, baseada em nanotecnologia e novas tecnologias de processo e ferramental. Para os produtos da linha de retentores, desenvolvemos novos materiais e projetos para aumentar a resistência química, reduzir desgaste e, consequentemente, melhorar o desempenho de nossos produtos. Recentemente liberamos para o mercado de reposição os flanges do motor VW EA-211 que conta com roda dentada e sensor já aprovados pela VW Alemanha para utilização no sistema “Start – Stop” (Sistema VW que desliga o motor quando o veículo está parado e liga ao pisar no acelerador). Algumas inovações foram liberadas recentemente para as montadoras, mas ainda não apresentam demanda no mercado interno. Um exemplo é o retentor com tecnologia “F-RED” (Friction Reduction). Esta tecnologia surgiu com a finalidade de reduzir o atrito contribuindo com a redução de consumo e emissões de poluentes. Os retentores “F-RED” apresentam baixo desgaste e durabilidade superior ao retentores convencionais. A Sabó também desenvolveu processos para tratamentos superficiais baseados em nanotecnologia. Esta tecnologia altera a superfície dos materiais através da aplicação de plasma conferindo ao material novas propriedades. Dependendo da finalidade podemos utilizar este processo para propiciar adesão entre diferentes materiais e redução de atrito. Na realidade, as oportunidades para esta tecnologia são incontáveis e, neste momento, focamos nossa energia apenas nas aplicações relacionadas aos nossos produtos.

NV – Como está o mercado de reposição para estes produtos?

MV – As inovações tecnológicas são realizadas principalmente com foco nos novos desenvolvimentos das montadoras e, posteriormente, liberadas para o mercado de reposição. A grande maioria das tecnologias é desenvolvida para o mercado exportação e, depois, migra para as montadoras locais e para o mercado de reposição. Com as plataformas globais e lançamentos quase que simultâneos, o tempo entre a liberação da tecnologia para o mercado de exportação e o mercado interno tende a diminuir. Quando falamos em tecnologias para veículos híbridos e transmissões automáticas, o Brasil ainda conta com uma frota muito pequena e, quando falamos em tecnologia voltada para o mercado interno, nossos clientes contam com o que há de mais avançado, pois, mesmo os produtos para os veículos mais antigos, acabam sendo beneficiados com as melhorias oriundas dos novos desenvolvimentos, sejam elas de produto, processo ou material.

NV – A queda nas vendas de veículos novos trouxe, de fato, benefícios para o mercado de reposição?

MV – O mercado de reposição vem crescendo desde 2009 com  índices superiores ao OEM. 2015 foi um ótimo ano e 2016 iniciou no mesmo ritmo. Eu atribuo o desempenho do aftermarket ao crescimento da frota demandante, pois a frota cresceu 87% nos últimos 10 anos. Resumindo, não é a crise de 2015 que está fazendo a diferença.

NV – Quais são as perspectivas para os próximos meses?

MV – A perspectiva é continuar no mesmo ritmo de 2015, as oficinas estão lotadas.

NV – Que impactos a conjuntura política e econômica nacional ainda pode trazer para o mercado de reposição?

MV – Nenhum, temos que trabalhar, temos que continuar capacitando o aplicador, temos que atualizar nossos portfólios, temos que atender bem os consumidores. O mercado está crescendo e precisamos estar preparados para ele.

NV – Que avaliação a empresa faz do atual estágio do varejo de autopeças brasileiro?

MV – Os varejos precisam mudar para atender bem, eles têm que investir em infraestrutura, precisam ter estacionamentos, pessoal bem treinado, com vocação para o atendimento, pessoal uniformizado, lojas limpas, iluminadas. Vejam as padarias, as farmácias, os postos de gasolina, o consumidor quer coisa boa, atendimento personalizado e acessível.

NV – Que melhorias o gestor do varejo precisa fazer para tornar seu negócio adequado às tendências do mercado?

MV – A principal é ter profissionais que gostem de atender clientes e não apenas tenham conhecimento técnico. Eu visito varejos sem me identificar, passo na frente de alguma loja e paro para consultar alguma coisa e constato que é triste perceber que a maioria dos atendentes não gosta de cliente, não tem paciência, ficam ao telefone e nem olham para quem está esperando. Fica a dica: os consumidores querem ser bem atendidos, querem lojas limpas, iluminadas, querem encontrar a peça, pagar rápido e sair.

 

 


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