Open Banking acirra concorrência entre bancos e beneficia crédito empresarial -

Open Banking acirra concorrência entre bancos e beneficia crédito empresarial

Para especialistas, paridade de dados exigirá soluções personalizadas e criativas das instituições financeiras em uma disputa aberta pelos clientes

Lucas Torres jornalismo@novomeio.com.br

Desde que assumiu a presidência do Banco Central (BC), em novembro de 2018, o economista Roberto de Oliveira Campos Neto deixou claro que a modernização do mercado bancário seria um dos principais objetivos de sua gestão. Hoje, pouco menos de três anos depois da posse, o dirigente já deixou sua marca implementando alterações históricas que irão impactar diretamente na vida dos cidadãos e das empresas do país. Depois do sucesso de adesão com o PIX, o BC iniciou em 13 de agosto a implementação do Open Banking, sistema que permitirá ao cliente autorizar o compartilhamento de seus dados e informações entre instituições financeiras de médio e grande porte.

De acordo com o diretor da TransUnion Brasil, companhia global de soluções de informação e insights de dados, Marcelo Leal, a inovação promove a quebra do monopólio da informação por parte da instituição bancária com a qual o usuário se relaciona, de modo a ampliar a concorrência dentro do setor. “O Open Banking promoverá maior concorrência e inovação no setor financeiro, uma vez que as instituições deverão colocar maiores esforços para a manutenção de seus clientes.

Nessa perspectiva, empresas e indivíduos terão maior oferta de produtos e serviços podendo ter maior oportunidade de escolha”, analisa Leal. Em suma, como já acontece há algum tempo em setores como o varejo, por exemplo, o open banking aumentará a necessidade de as empresas do setor financeiro colocarem o cliente no centro de suas operações. Utilizando dados para criar produtos, ofertas e condições personalizadas não apenas para cada perfil de consumidor, mas, basicamente, para cada indivíduo ou empresa. Quando nos atemos estritamente ao mundo corporativo, players do mercado financeiro como o diretor de produtos da Hub Fintech, Fábio Murakami, destacam que este novo cenário de pressão e quase-livre-concorrência entre bancos e fintechs irá produzir um impacto direto na criação de novas oportunidades de aquisição de capital para as empresas.

Certamente agregará novos intermediários nesta relação, em especial novos ‘intermediários’ que saibam reconhecer as particularidades de cada segmento e porte de empresa”, colocou Murakami, antes de apontar aquelas que, para ele, serão as chaves para que instituições financeiras sejam bem-sucedidas neste ambiente de maior liberdade: “Serão bem-sucedidas aqueles que entregarem uma solução integrada ao dia a dia das empresas, velocidade e amplitude para customização e inteligência na conversão de dados em proposta de redução de custo ou opções financeiras. Necessidade + concorrência é a ‘mãe’ da inovação”.

Além de concordarem sobre os efeitos positivos do Open Banking no cenário de aquisição de crédito empresarial a partir da ‘luta aberta’ dos bancos e fintechs pelos clientes, os dois especialistas destacam que a maior transparência de dados irá contribuir para a redução gradual do chamado risco sistêmico do mercado. Isso porque a maior transparência dos dados irá permitir que as instituições financeiras possam medir seus riscos de maneira mais assertiva, de modo a reforçar os mecanismos de prevenção contra, por exemplo, a inadimplência.

Ao resumir todas as áreas ‘atacadas’ pela mais nova inovação do BC, Marcelo Leal destacou: “Entre os principais objetivos do Banco Central com o Open Banking – além da diminuição da concentração do risco nos principais bancos nacionais – estão o incentivo à criação e crescimento de novas instituições financeiras e a promoção do acesso ao crédito fomentando um ciclo virtuoso de crescimento na economia”.


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