VIÉS – Variação no Índices e Estatísticas Pré e Pós-Crise novembro 2021 x novembro 2020 -

VIÉS – Variação no Índices e Estatísticas Pré e Pós-Crise novembro 2021 x novembro 2020

O varejo de autopeças é o ponto focal onde se encontram a oferta (representada pelos fabricantes e distribuidores) e a demanda (representada pelas oficinas e pelos do comércio varejista é fundamental para quem deseja entender e atender o mercado de reposição de forma estratégica.

Marcelo Gabriel – head do After.Lab jornalismo@novomeio.com.br

Chegamos à última edição do ano de 2021 que, embora muitos não pudessem crer no apagar das luzes de 2020, foi ainda mais desafiador e complexo que o ano em que a Terra parou. Recordamos as letras do alfabeto grego para nomear todas as variantes deste vírus que insiste em não nos deixar tão cedo, mas a resiliência do mercado de reposição nos torna mais fortes e entusiasmados a cada dia. Como dizem no jargão futebolístico: “segue o jogo”. Como fazemos todos os meses, apresentamos os dados das pesquisas MAPA e ONDA de forma comparativa entre 2020 e 2021.

Cabe destacar que ambas as pesquisas vêm sendo realizadas de forma sistematizada e ininterrupta pelo After.Lab, empresa de pesquisa e inteligência de mercado do Grupo Novo Meio, desde abril de 2020, convertendo-se no maior e mais confiável repositório de informações e análises sobre o que vem ocorrendo no comércio varejista de autopeças desde a eclosão da pandemia do coronavírus. Um ponto de destaque é que o varejo de autopeças é o ponto focal onde se encontram a oferta (representada pelos fabricantes e distribuidores) e a demanda (representada pelas oficinas e pelos do comércio varejista é fundamental para quem deseja entender e atender o mercado de reposição de forma estratégica.

Assim como vimos fazendo ao longo dos meses, apresentaremos as quatro dimensões mensuradas pelas pesquisas MAPA e ONDA, a saber: abastecimento (ruptura na entrega dos pedidos), preço (variação média), vendas e compras, sempre tendo como referência a semana anterior à coleta dos dados. Esta abordagem metodológica permite a aferição dos movimentos semanais e da dinâmica que ocorre em quatro condições nevrálgicas para a operação comercial do aftermarket  automotivo. A leitura dos gráficos é bem simples. Cada linha vertical vermelha representa uma região brasileira. O círculo central na linha vertical representa a média mensal da variação de cada dimensão e os limites superior e inferior de cada linha representa a variação positiva e negativa em desvio-padrão. A linha horizontal tracejada preta representa a média nacional de cada uma das dimensões, servindo como baliza para a interpretação das variações regionais.

Abastecimento

A primeira dimensão apresentada é a relativa à ruptura no abastecimento, um dos maiores gargalos encontrados durante o início da pandemia e que persiste de forma renitente até hoje. Diversos fatores podem ser elencados para tentar explicar esta quebra na cadeia de suprimentos, mas o fato indiscutível é que ainda não retornamos aos padrões de entrega do pré-pandemia, e isso não ocorre apenas no segmento automotivo, mas é uma questão global. O caso da falta de semicondutores para as montadoras é um dos exemplos que podemos destacar. A seguir comentaremos o gráfico relativo ao abastecimento.

Duas situações chamam a atenção na análise deste gráfico. A primeira é uma diferença de 4 pontos percentuais entre a média de 2020 com a média de 2021, indicando claramente uma piora nos níveis de fornecimento ao varejo de autopeças. A segunda é a manutenção da região Sul em uma condição melhor que a média brasileira tanto em novembro de 2020 quanto em novembro de 2021, e a mudança de situação no Centro-Oeste (pior em 2020 e melhor em 2021) e na região Nordeste (melhor em 2020 e pior em 2021).

Preço

Se a falta de produtos nas prateleiras é uma situação bastante complicada para a gestão dos negócios, como fica então com aumento de preços? São duas condições que impactam profundamente o desempenho dos varejistas que vêm enfrentando de forma bastante pragmática o caos que se transformaram as compras. O gráfico a seguir apresenta os resultados comparativos entre novembro de 2020 e novembro de 2021.

E novamente a leitura do gráfico nos revela os fenômenos que acontecem por detrás dos balcões de autopeças neste Brasil. Se a variação nacional média de preços nas quatro semanas de novembro de 2020 estava por volta de 3,78%, em novembro de 2021 encontramos esta média nacional em 8%, um salto dramático, e estatisticamente significativo. A leve assimetria que se notava na região Norte em relação à média nacional em 2002 se transformou em uma disparada de preços em 2021, enquanto a região Nordeste manteve-se abaixo da média nacional nos dois períodos.

Vendas

Pressionado por falta de peças e por uma inflação de preços, e ainda enfrentando uma recessão econômica gritante, o mercado de reposição ainda é um porto seguro em tempos de crises, com indicadores menos impactantes que outros setores econômicos, conforme pode ser observado no gráfico a seguir. Tendo como

referência o fato de que a coleta de dados é feita semanalmente e os entrevistados são solicitados a comparar o desempenho da semana que se encerra com a semana anterior, os resultados encontrados em nossas análises estatísticas são de extrema precisão para retratar os humores no comércio de autopeças. Observando o lado esquerdo do gráfico, relativo ao ano de 2020, notamos que a média e a variabilidade dos dados (expressa pelos limites inferior e superior da linha vertical vermelha) estavam de certa forma “achatados” na média brasileira e nas regiões Sul e Norte. Para fins de comparação, em novembro de 2020 a média nacional da queda de vendas era de -0,435%, ou seja, desprezível considerando o erro de medição associado ao tipo de delineamento de pesquisa. Já em 2021 a mesma média nacional passou para -3,95%, mas com indicadores de crescimento nas regiões Centro-Oeste e Sul, como fica evidenciado no lado direito do gráfico.

Compras

A última das dimensões mensuradas nas pesquisas MAPA e ONDA é a variação nas compras. Em nosso modelo preditivo, consideramos a variação nas compras como resultante do efeito simultâneo das outras três dimensões: abastecimento, preços e vendas, pois seus impactos são diretos nas decisões de compra.

O próximo gráfico apresenta a comparação entre novembro de 2020 e novembro de 2021 na dimensão compras. A leitura do gráfico com os dados relativos ao ano de 2020 é inequívoca: as compras foram positivas na média nacional (na verdade 0,67%, desprezível dentro do plano amostral, mas ainda assim positiva), com destaque para todas as regiões e uma queda na região Sudeste. Quando se observa o gráfico relativo ao ano de 2021, a variação negativa nas compras na média nacional passa a ter alguma relevância estatística, e o destaque novamente vai para a região Centro-Oeste que segue com valores positivos, diferentemente das demais regiões brasileiras.

Conclusão

Chegamos a vinte meses ininterruptos de coleta de dados o que nos propicia uma base de dados rica e sólida para análises e desenvolvimento de modelos preditivos robustos. Na próxima edição analisaremos as séries históricas completas, ou seja, abril a dezembro de 2021 comparado a abril a dezembro de 2021, um conjunto de dados que reflete os movimentos do mercado, semana após semana deste novo possível que estamos vivendo. Carecemos de dados em nosso mercado em vários âmbitos, mas no que depender do After.Lab esta lacuna está sendo preenchida, consistentemente.

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