A edição 431 do jornal Novo Varejo Automotivo, em grande parte, dedicada à região Sul do Brasil. Infelizmente, marcada por contrastes neste mês de maio. Vejamos. Entre os dias 8 e 11 foi realizada a 11ª Autopar, em Curitiba.
Em geral, as feiras relacionadas ao aftermarket automotivo no Brasil são eventos de ótima adesão por parte do público e muito networking. No Paraná não foi diferente. Nossa reportagem esteve lá e viu um evento pleno de expositores e público. Na verdade, com recorde: 700 marcas e 72 mil visitantes. Números robustos que atestam aquilo que acompanhamos presencialmente: pessoas muito satisfeitas nos estandes e nos corredores do pavilhão.
Caso pudéssemos encerrar o assunto ‘Sul do Brasil’ por aqui estaríamos em clima festivo, comemorando mais uma vitória do mercado independente, sempre forte e adaptável a qualquer cenário político, econômico e social.
Só que, descendo mais um pouco no mapa, encontramos talvez aquela que já possa ser considerada a maior tragédia natural da história de nosso país. E vamos considerá-la ‘natural’ porque decorreu de um acúmulo brutal de chuvas. Tratar dessa questão com profundidade envolveria um debate muito mais minucioso que está fora de nosso escopo. De qualquer forma, cada vez mais temos tomado ciência do alto preço que vamos ter de pagar daqui pra frente pela ação muitas vezes desmedida do ser humano em defesa de seus interesses individuais e em prejuízo das necessidades da sociedade e, principalmente, do ciclo original da natureza. Neste momento o Rio Grande do Sul ainda está tomado pelas águas.
É preciso cuidar das pessoas que sobreviveram ao caos e estão vivendo precariamente em abrigos provisórios. Enfim, preservar vidas. Mas, quando a enchente acabar, conheceremos o verdadeiro alcance da destruição do patrimônio das pessoas. Em algumas cidades, as imagens já revelam casas arrasadas, irrecuperáveis.
O mesmo se observa com a frota. São estimados 200 mil veículos atingidos – sendo 3 mil 0km. Além disso, há indústrias, distribuidores, varejistas de autopeças e oficinas que também perderam tudo. Numa situação inédita para todos nós, o aftermarket automotivo deve se preparar para a desafiadora fase da reconstrução. E não vai ser fácil. Quantos brasileiros têm condições de reconstruir suas vidas do zero? Quantos empresários estarão prontos para recomeçar a empreender? Como transformar um terreno devastado em uma casa novamente? Quem pode comprar de novo um automóvel caso não possa contar com a indenização do seguro? Já vimos esse filme antes, em escala infinitamente menor, e as vítimas até hoje estão sem respostas. Agora, a proporção é gigantesca.
Para o mercado de reposição, serão necessárias mais peças, mais equipamentos e mais mão de obra. Sem deixar de atender os outros estados. É uma situação nova que mais uma vez colocará à prova a tão conhecida resiliência de nosso mercado. Enquanto isso, é fundamental que nós, como sociedade, continuemos fazendo nossa parte, ajudando no que for possível as vítimas desta tragédia sem precedentes no país – e que, esperamos, não volte a se repetir nunca mais.