Por Ranieri Leitão*
A pandemia parou o mundo. A economia foi diretamente atingida. Nem todos os setores conseguiram formatar as suas práticas para uma rápida adaptação ao novo cenário instaurado. Mas quem o fez, encabeça a retomada da economia no período atual. O setor de autopeças e serviços é exemplo disso.
É que fez-se necessário uma avaliação estratégica nos primeiros dias da quarentena: o que são os serviços essenciais? São essenciais, mas precisam de insumos, certo? E quem fornece esses insumos se tornam essenciais? Eis o caminho que trilhamos.
O nosso segmento praticamente não parou durante o ápice da pandemia no país. Isso porque, depois de muitas reuniões com chefes de transportes de secretarias de governo, ficou claro que as viaturas e ambulâncias, por exemplo, precisavam de manutenções para continuar servindo à população. Assim, os centros automotivos de reparos veiculares se tornaram um serviço essencial. Criamos uma ambiência favorável para trabalhar devido às circunstâncias que surgiram. Grande parte das 7 mil empresas representadas pelo Sistema Sincopeças/Assopeças/Assomotos Ceará (SSA/CE) trabalhou com 60% do seu potencial e, hoje, muitas já operam com 100%. Importante ainda dizer, neste contexto, que algumas já ultrapassaram os meses equivalentes de 2019 em faturamento.
No entanto, nem tudo são flores. Esses números otimistas refletem uma curta e intensa caminhada de trabalho duro e raciocínio rápido. As empresas precisavam se reinventar. Era necessário oferecer serviços que estivessem dentro da realidade das pessoas já que, afinal, o coronavírus exigia, de certa forma, que não houvesse circulação da população nas ruas tampouco em lojas físicas. Então, a chave para não entrar no negativo mesmo com as portas abertas foi usufruir do que o século XXI é sinônimo: a tecnologia.
Já é intrínseco nas pessoas a busca online por lojas e produtos. Então, as empresas precisaram se adaptar e usar essa realidade ao seu favor e isso se tornou via de regra. Até porque o e-commerce é um canal de vendas real, não tem mais volta. É um futuro que encontra-se no presente de todos os cearenses e brasileiros. A comodidade de comprar sem sair de casa é uma chave que todas as empresas do setor devem girar. Inclusive, um estudo do site Receba em Casa afirma que o Brasil é o 3º país onde se faz mais compras pela internet. Durante a pandemia não foi diferente. Quem apostou nesta tecla certamente respira melhor hoje.
Porém, ainda falta a familiaridade de muitos com esse tipo de varejo e o seu nicho. Reforçamos e batemos nesta tecla da vendas virtuais em todos os encontros que temos através do Sincopeças Brasil e da Câmara Automotiva Nacional. O público que procura por serviços de autopeças de forma online, por exemplo, se destoa um pouco do que vai nas lojas físicas fazer orçamentos.
Estratégias de publicidade e de vendas voltadas para todos esses múltiplos perfis se fazem necessárias. Pensar fora da caixa se faz necessário e é a única forma de se adaptar a todos os movimentos que o comércio sempre apresenta. Afinal, a pandemia provocada pelo coronavírus ainda continua e a retomada da economia está apenas no começo. O momento que passamos no ápice da quarentena só colocou em evidência o quão fundamental é unir estratégias positivas para um setor tão relevante como o nosso. Agora é chegada a hora de unir forças para se reinventar, ainda mais, com um mundo pós coronavírus, onde as dinâmicas e vivências do nosso público já são outras. Dificilmente as pessoas continuarão com as mesmas práticas e hábitos que existiam até o ano passado. O varejo de autopeças precisa enxergar isso e se moldar. Nada será mais como antes.
*Presidente do Sistema Sincopeças/Assopeças/Assomotos Ceará (SSA/CE)