Soluções difíceis para problemas difíceis -

Soluções difíceis para problemas difíceis

O provável redesenho do mapa de descarbonização no chamado ‘velho mundo’ traz algumas consequências interessantes na transição energética global.

Junho de 2022. Em sessão plenária na cidade de Estrasburgo, na França, o Parlamento Europeu aprovou o fim das vendas de carros novos a gasolina, diesel e híbridos a partir de 2035. Simples assim. Só que não. Passados quase três anos após a ‘canetada’ política, o óbvio prevaleceu: não existem soluções fáceis para problemas difíceis. Ao longo do tempo, ficou evidente a necessidade de adequar a decisão às demandas do mundo real. Um dos primeiros ajustes foi abrir exceção para o chamado combustível sin – tético, o que permitirá a sobrevivência dos motores a combustão interna, exatamente aqueles que a UE pretendeu sepultar com sua, ao que tudo indica, açodada decisão. Recentemente, a Comissão Europeia publicou o novo Plano de Ação Industrial para o setor automotivo. Ao repercutir o documento, a CLEPA – Associação Europeia de Fornecedores de Peças Automotivas avaliou que questões-chave permanecem sem resposta e a urgência da situação exige ação rápida e concreta. Ainda que a UE tenha antecipado para este ano a revisão das regulamentações de CO 2, faltaram diretrizes para a implantação prática da neutralidade tecnológica. A CLEPA cobra a adoção de um portfólio diversificado de tecnologias sustentáveis, incluindo híbridos plug-in, hidrogênio e combustíveis renováveis. Na vida como ela é, a Europa já sabe que outras tecnologias de mobilidade limpa terão vida longa, inclusive após 2035.

O provável redesenho do mapa de descarbonização no chamado ‘velho mundo’ traz algumas consequências interessantes na transição energética global. “A mudança dos motores de combustão interna tem se mostrado mais turbulenta do que o inicialmente previsto. O cenário atual é particularmente desafiador, com as vendas de veículos elétricos (EV) abaixo das expectativas, o que leva à redução dos volumes de pedi – dos de baterias e à superação da capacidade de produção instalada. Esse ambiente competitivo intensificado aumenta a pressão sobre custos tanto para os fabricantes de EV quanto para os produtores de baterias. Os reguladores precisam fornecer um quadro regulatório estável para aumentar a segurança do planejamento dos investidores em um ambiente econômico e geopolítico altamente incerto”. O trecho que você acaba de ler é uma das principais conclusões do relatório Battery Monitor 2024/2025, elaborado pela consultoria Roland Berger. O texto segue em sintonia com o que escrevemos nos primeiros parágrafos. É preciso definir os caminhos regulatórios para a transição. Apesar da turbulência do momento, a Roland Berger é enfática: “A transição para veículos movidos a bateria é irreversível”. No meio desse tiroteio surge – aos costumes – o Brasil.

Aparentemente alheio às contradições externas, nosso mercado lida com as próprias contradições: a anunciada supremacia dos carros híbridos vem sendo desafiada por números expressivos de comercialização dos modelos 100% elétricos. Independentemente da tecnologia escolhida pelo consumidor, mais de 400 mil veículos eletrificados já rodam por aqui. É neste ambiente que chega a Automec 2025, dedicando atenção inédita a uma transição tecnológica que também cobrará ações do Aftermarket Automotivo.

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