Dirigente refletiu sobre a importância do contato constante com os empresários do setor e projetou o efeito do governo Bolsonaro para o varejo de autopeças
Ao longo do ano passado, a série ‘Fale com o Sincopeças Brasil’ se estabeleceu como um canal direto de comunicação entre os varejistas de autopeças e sua principal entidade nacional de representação ao incentivar o envio de perguntas por parte dos empresários do setor a fim de que fossem respondidas pelo presidente do Sincopeças-BR, Ranieri Leitão.
Como novidade para 2019, o Novo Varejo – em busca perspectivas múltiplas de dirigentes do setor para as dúvidas do empresariado – estendeu o convite ao vice-presidente do Sincopeças Brasil e presidente do sindicato paulista do varejo, Francisco De La Tôrre.
Ao aceitar o convite, o dirigente afirmou que cabe ao Sincopeças estar sempre próximo ao varejo de autopeças para ouvir suas demandas e as necessidades do dia a dia, mas também é de responsabilidade do varejista o envio de suas demandas a fim de auxiliar o sindicato na sua atuação junto aos governantes.
“O político, principalmente, escuta quem sabe gritar e quem sabe conduzir de forma organizada as suas demandas. Então, em uma democracia, mesmo que o empresário não se identifique com a entidade representativa da classe econômica na qual ele atua, no caso o Sincopeças, ele tem que se manter atuando como cidadão – e atuar nesse sentido é levar as demandas da sociedade em que ele está inserido de forma organizada para as instâncias superiores. Individualmente ele não será ouvido jamais”, afirmou De La Tôrre.
Nesta primeira edição, o vice-presidente do Sincopeças Brasil respondeu ao questionamento do proprietário da paulistana Atlanta Autopeças, Alexandre Pereira, a respeito das expectativas para as diretrizes seguidas pelo novo governo federal. “Com Bolsonaro, o que podemos esperar de mudanças para o setor de reposição de autopeças?”, questionou Pereira.
Em sua resposta, De La Tôrre ressaltou o fato de que as mudanças para as autopeças virão da junção das medidas macroeconômicas gerais para o país já sinalizadas pela nova equipe econômica, sobretudo a partir do reajuste fiscal e das reformas.
Confira abaixo a resposta do dirigente na íntegra.
Alexandre Pereira – Atlanta Autopeças (SP)
Sobre as expectativas a respeito do novo governo, com Bolsonaro, o que podemos esperar de mudanças para o setor de reposição de autopeças?
Francisco De La Tôrre – Podemos falar em demandas gerais que são exatamente ações de um governo que se apresenta comprometido com o reequilíbrio fiscal – e isso é fundamental não só para o setor de autopeças, mas para a economia como um todo retomar seu crescimento de forma sustentável; adoção de medidas microeconômicas que ajudarão muito a realização dos negócios; e temos, aliado a isso, também a aprovação do Rota 2030 que tem, em um dos seus pontos, a questão da segurança veicular que está diretamente ligada com a aprovação de uma Inspeção Técnica Veicular para toda a frota, o que significa geração de novos negócios.
A qualidade da equipe econômica credencia para que essas reformas sejam implementadas porque independem do Congresso e se fazem por decreto. Esse governo tem todas as condições de adotar as medidas econômicas necessárias, devido à alta qualidade da equipe econômica, e aqui vale destacar que a atual diretoria do Banco Central é a melhor diretoria que o banco já teve nos últimos tempos, com uma envergadura de diretores e do presidente só vista na gestão do Armínio Fraga, sem desmerecer o antigo presidente, Ilan Goldfajn, também um grande presidente, mas com uma diretoria sem a mesma envergadura que a atual.
Creio que muitas decisões e medidas microeconômicas que serão tomadas ajudarão a destravar o dia-a-dia dos negócios, no que diz respeito também às concessões, ao processo de privatização e, aliado a isso, vale destacar que as empresas e as famílias perderam muito das suas alavancagens, e isso tudo por si só já é um componente bastante importante para termos um crescimento para este ano e para o ano que vem.
Mais do que a reforma da Previdência, o reequilíbrio fiscal do Brasil ajudará a sair do “voo de galinha”, mas o “voo de galinha” está garantido, quer dizer, crescimento vem, só não sabemos ainda, por conta do desequilíbrio fiscal, se teremos crescimento no curto prazo e depois um arrefecimento, ou se teremos crescimento sustentável e aí sim poderemos assistir o País retomar sua taxa de crescimento acima da média mundial e buscar sua vocação de País grande.
Para este ano e para o ano que vem estou otimista com relação às oportunidades de negócio e creio que, para o curto prazo, daremos passos firmes e importantes para o processo de consolidação do varejo. Vale a pena ficar atento também às novas tecnologias de gestão e de monitoramento de cliente que estão disponíveis porque isso sim é um diferencial que o varejista pode se aproveitar.