Setor automotivo contabiliza danos causados pelas enchentes no RS e mira reconstrução -

Setor automotivo contabiliza danos causados pelas enchentes no RS e mira reconstrução

Prejuízos são ainda mais profundos do que indica o mar de cerca de 200 mil veículos boiando ou submersos nas vias

Os últimos 20 dias têm marcado um dos momentos mais dramáticos na história do Rio Grande do Sul. A combinação de um volume de chuvas sem precedentes, que começaram a cair em 26 de abril, uma geografia caracterizada pela confluência de rios e uma preparação incipiente sob o ponto de vista da infraestrutura resultaram em uma série de enchentes – devastando o estado nos aspectos humanitário e econômico. De acordo com a Defesa Civil gaúcha, os impactos dos temporais já atingiram 445 municípios e 2 milhões de pessoas, deixando como rastro mais de 70 mil desabrigados e cerca de 150 mortes. A cobertura diária da catástrofe tem sido feita com destaque e competência pelas grandes mídias. Para além de todas as questões envolvendo as vidas de pessoas e animais – que representam a absoluta prioridade hoje e nos próximos meses – uma publicação segmentada como a nossa tem por obrigação trazer ao debate os efeitos das enchentes também para o setor automotivo.

Números divulgados pela Bright Consulting no dia 12 de maio estimam que a região perdeu entre 150 e 200 mil veículos nas enchentes, sendo cerca de 2 a 3 mil pertencentes às mais de 300 concessionárias atingidas em todo o estado. No que se refere ao mercado de reposição, não foram poucas as imagens que circularam na internet mostrando indústrias, distribuidores, lojas de autopeças e oficinas alagadas. Muitas destas empresas perderam tudo – e, com isso, a capacidade de atender as demandas que virão após a água voltar para o leito dos rios e lagos.

Em face das imagens e dos números alarmantes, a primeira pergunta que surge é: quem vai bancar este prejuízo milionário? Bom, falando apenas dos ‘carros montados’ com perda total, o prejuízo será compartilhado por cidadãos, lojistas e seguradoras.

Neste contexto, vale pontuar que todos os seguros com cobertura compreensiva, isto é, cobertura mais ampla, incluem proteção contra fenômenos naturais como as enchentes. Ao mesmo tempo, porém, o mercado segurador oferece uma série de opções personalizadas que, como contrapartida ao barateamento da contratação, exclui os desastres naturais do seu portfólio de cobertura.

Apólices

Sendo assim, os donos de automóveis – sejam pessoas físicas ou jurídicas – terão de verificar em suas apólices a abrangência do seguro contratado, algo, aliás, que, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), começou a ser feito nos últimos dias.

“Somente agora os cidadãos atingidos estão contatando as seguradoras para relatar os sinistros”, afirmou a entidade, antes de se comprometer a divulgar os números de indenizações tão logo for possível tê-los consolidado. “À medida que as seguradoras repassarem os dados para consolidação pela CNseg e houver uma estimativa de valores a serem indenizados no Rio Grande do Sul, a Confederação Nacional das Seguradoras fará ampla divulgação para que os dados sejam tratados com a devida transparência”. Questionamos a CNseg sobre possíveis ações para desonerar os cidadãos atingidos pelo desastre no Rio Grande do Sul como, por exemplo, eximi-los da necessidade de pagar pela franquia de seguro.

Como resposta, a Confederação afirmou que já iniciou seu trabalho para facilitar o ressarcimento dos segurados da região, começando pela recomendação de que as seguradoras es – tendam os prazos de pagamento e de renovação das apólices.

Varejo de autopeças espera água baixar para contabilizar os prejuízos

Basta olhar uma fotografia para perceber a quantidade de carros que serão inutilizados após a enchente histórica que inundou o Rio Grande do Sul. Quase como uma metáfora do setor automotivo, porém, os prejuízos de toda uma cadeia que abastece esses automóveis só poderão ser determinados a partir de uma visão aproximada. Algo que, em geral, só é possível para quem está dentro do setor.

 Em depoimento sincero à nossa reportagem, quando questionado sobre o volume de autopeças perdidas na catástrofe, o Sincopeças-RS indicou que, embora os prejuízos só possam ser aferidos, de fato, a partir do momento que a água baixar, é seguro dizer que ele é enorme. “Lojas inteiras foram perdidas”, afirmou a entidade. A informação em tom de lamento do principal sindicato representativo do varejo de autopeças no estado oferece uma dimensão que atenua a falta de números concretos sobre o prejuízo do segmento, sobretudo quando somada a dados que consolidam o impacto da tragédia no setor de comércio e serviços de maneira geral. Segundo a Fecomércio gaúcha, cerca de 35 mil estabelecimetos comerciais já foram atingidos pelas áreas alagadas – o que projeta um número superior a R$ 5 bilhões em prejuízos e um impacto sobre 88% dos empregos formais do estado. “Tamanho estrago, mesmo com um investimento robusto do Governo Federal, nos faz projetar a necessidade de três a cinco anos para a reconstrução da infraestrutura e do ambiente de negócios do setor no Rio Grande do Sul”, afirma Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS.

O tempo estimado para a reconstrução do comércio do estado com abundância de recursos parece grande. Porém, ficará ainda maior caso os empresários não recebam o auxílio na magnitude em que necessitam. Pensando nisso, o Sincopeças-RS está se articulando junto à Fecomércio-RS para buscar recursos junto ao Governo Federal (veja mais na entrevista especial desta edição). Uma ajuda mais generalista, porém, já foi anunciada pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última semana. O líder da agenda econômica do país comunicou que a Medida Provisória que destina recursos ao Rio Grande do Sul contará com uma série de recursos voltados aos pequenos negócios do estado – MEIs, micro e pequenas empresas.

Veja detalhes do pacote do Governo Federal aos pequenos negócios do RS afetados pelas enchentes

Aporte total de R$35 bilhões, a partir de:

  1. Aumento do Fundo Garantidor de Operações (FGO) O FGO receberá um aporte de R$ 4,5 bilhões, permitindo que microempresas e empresas de pequeno porte poderão tenham acesso a um total de R$ 30 bilhões por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
  2. ) Subvenção e desconto nos juros Disponibilização de R$ 1 bilhão para concessão de descontos em juros de créditos garantidos pelo Pronampe, até o valor máximo de crédito concedido passível de desconto de R$ 2,5 bilhões. Na prática, dos R$ 30 bi disponibilizados pelo programa, R$ 2,5 bi contarão com desconto de juros. “Será oferecido um financiamento de até 72 meses, com até 24 meses de carência, para reduzir a taxa de juros para 4% nominal para os primeiros R$ 2,5 bilhões tomados e depois juros normal da linha”, afirmou o Ministério da Fazenda.
  3. 3) Aporte ao Fundo Garantidor de Investimentos Serão ainda aportados R$ 500 milhões para alavancar o crédito no Programa Emergencial de Acesso ao Crédito a fim de atender MEIs, micro, pequenas e médias empresas. “Neste caso, o aporte alavanca e garante acesso ao crédito, não se fazendo subvenção da taxa de juros. No caso do FGI-PEAC, o operador é o BNDES”, detalha a Medida Provisória

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