O sucesso do Gordini na década de 1960 premiou uma tentativa radical extinta Willys Overland de criar um veículo um tanto ‘rústico’ – pensado majoritariamente para ser acessível às classes de menor poder econômico. A estratégia deu tanto certo, que de lá para cá essa categoria ganhou um termo próprio ‘carro popular’. Mas quais seriam hoje os melhores carros populares?
Da década de 60 para cá muita coisa mudou. Hoje, mesmo os carros mais simples são dotados de um alto grau de tecnologia e bom conforto.
As diversas etapas de inflação pelas quais passamos da década de 70 até os dias atuais, o aumentos dos impostos sobre o consumo e a diminuição do imenso incentivo governamental voltado ao setor automobilístico nacional da época de Juscelino Kubitscheck fizeram com que esses carros outrora populares – não sejam hoje lá tão populares assim.
Atualmente com custo médio entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, os carros ‘populares’ são mais voltados a uma classe média trabalhadora, algo que – para ser justo, em termos proporcionais – também era verdade à época da inovação estratégica da Willys.
Discussões sobre as aparentemente permanentes desigualdades sociais do país à parte, voltaremos – nesse post – nossos olhos sobre a qualidade dos carros populares dos últimos anos, elegendo os cinco principais destaques da categoria de acordo com o reconhecimento que tiveram no mercado, mas não só.
Suas fichas técnicas e preços de mercado terão peso importante em nossa avaliação, pois – como bem sabemos – nem tudo o que ‘faz sucesso’ tem qualidade superior àquilo que por vezes passa despercebido do abraço das massas.
Confira nosso top 5:
1- Tecnologia do HB20 o coloca quase como uma ‘categoria à parte’ dentro dos melhores carros populares
Segundo mais vendido do mercado atual, o HB20 – da coreana Hyundai – segue a risca o design ‘futurista’ característico da montadora.
Sua dianteira é um de seus principais destaques – com um formato mais pontiagudo e agressivo, com detalhes rústicos marcados pela nova grade.
Lateralmente, o carro possui um aplique preto na coluna C – em sua versão hatch – responsável por ligar as janelas laterais com o vidro traseiro.
Sua traseira tem formato mais atraente à noite, com lanternas em posição mais baixa do que o de costume, assinando o futurismo da Hyundai na iluminação.
Na parte de dentro o carro abusa da tecnologia – característica comum a montadoras coreanas mesmo em carros populares.
Seu painel tem linhas horizontais que destacam a tela de aspecto flutuante de sua central multimídia de 8 polegadas.
Além do design, que faz do HB20 quase uma categoria à parte entre os melhores carros populares, o veículo se destaca pela quantidade de equipamentos – dentre os quais se destacam o sistema start/stop, assistente de partida para rampas, alerta e frenagem automática de emergência, alerta de mudança de faixa, câmera de ré e todo a comodidade da partida por botão.
Em sua versão mais barata, a Sense 1.0, o HB20 traz ainda adicionais como ar-condicionado manual, direção elétrica progressiva, travas elétricas e vidros dianteiros elétricos.
Outro charme especial do HB20 a ser compartilhado por ‘poucos populares’ é seu volante multifuncional com comandos de som e telefone.
No âmbito do desempenho, o sense conta com injeção direta de combustível, três cilindros, turbocompressor e intercooler. Consegue desenvolver 120 cavalos de potência, a 6.000 rpm, e 17,5 kgfm de torque, a partir de 1.500 giros – números ‘repetíveis’ em abastecimentos de seu motor flex por etanol ou gasolina, é o que garante a Hyundai.
Sua aceleração o permite chegar de 0 a 100km/h em 14.5 segundos e a uma velocidade máxima de 161km/h.
Outro fator que o faz tangenciar a categoria dos populares é o preço: atualmente a partir de R$ 54 mil.
2 – UP aposta na engenharia da Volkswagen para se colocar entre os melhores carros populares da atualidade
Em 2011, Up nasceu na Europa em uma tentativa pensada da alemã Volkswagen de produzir um carro urbano e extremamente popular – o que o fez ganhar a alcunha dentro dos círculos automotivos de ‘um novo Fusca‘.
Apenas três anos depois, em fevereiro de 2014, o automóvel chegou ao Brasil para revolucionar a produção dos carros populares – ou ‘carros de entrada’ – ao introduzir os aços de ultra resistência na carroceria, além de um conjunto motriz de alumínio e escape em aço inox.
Sua versão mais recente, de 2020, tem uma aparência funcional – mas pouco atraente ao primeiro olhar do consumidor brasileiro pelos traços um tanto minimalistas e retilíneos.
Para citar algumas de suas virtudes mais ‘chamativas’, no entanto, destacamos seu design interior – com novas tonalidades de assentos e revestimento em geral.
Como de costume, a Volkswagen volta suas atenções para competir naquilo que tem de melhor – sua engenharia, mas também traz no UP equipamentos tecnológicos, para manter-se relativamente próximo nesse quesito junto a concorrentes como HB20.
O modelo tem um quadro de instrumentos compacto – com display de 3,5 polegadas no computador de bordo.
Seu volante traz comandos completos para mídia, telefonia e display – e seu sistema de áudio Composition Phone traz um aspecto bem atual ao veículo – apesar de não ser touchscreen.
Chegando ao que interessa – a engenharia, a versão mais barata do UP – a MPI 1.0, motor feito em aluminío, acompanhado de sistema de refrigeração independente para cabeçote e bloco. Tem três cilindros em linha e cabeçote com 12 válvulas.
Ele dispõe de 75 cavalos de potência a 6.250 rpm com gasolina e 82 cv a 6.250 rpm com etanol, entregando torques de 9,7 kgfm com gasolina e 10,4 kgfm com etanol.
Além diso, é equipado com sistema de partida E-Flex – que utiliza pré-aquecimento na partida a frio.
Em termos de desempenho, o UP 2020 versão MPI 1.0 chega a 100km/h em 12,6 segundos e a uma velocidade máxima de 163 km/h.
Mais barato que o HB20, a versão de entrada do UP 2020 é vendida em um valor de R$ 49.590.
3 – Já estabelecido no Brasil, Ford Ka se mantém no topo
Parte central da estratégia da estadunidense Ford de competir cabeça a cabeça com marcas como Hyundai e Chevrolet no mercado de carros populares do Brasil, o Ford Ka vem cumprindo sua missão – fechando 2018 como o terceiro carro mais comprado pelos brasileiros, com suas 103 mil unidades vendidas.
No âmbito do design, o Ka – que há muito se desvinculou da imagem de ‘baratinha’ do início dos anos 2000, traz um destaque especial em seu novo para-choque, que passou a contar com uma nova tomada de ar inferior e faróis de neblina inseridos no formato de C.
Na lateral, o popular da Ford conta com frisos agressivos na linha das maçanetas – friso este que circula toda a circunferência traseira entre o vidro e a marca da montadora, mantida no centro do porta-malas.
Em sua área interna, o modelo tem como destaque destaque positivo o banco de couro e, negativo, um volante que pouco se difere dos volantes que víamos no início da década de 2010, ponto que contradiz, de certa forma, a guinada ‘moderna’ do Ka 2020.
Em termos de equipamento, o Ka é um tanto econômico. Além do console central que ostenta uma tela ‘touchscreen’ de 6.5 polegadas, seus principais destaques são a abertura elétrica do porta-malas, a direção elétrica, os faróis dianteiros escurecidos, o banco traseiro bi-partido 60/40 e, claro, o ar condicionado.
Outros pontos que merecem menção são sua conexão Bluetooth, a Entrada USB, a o ‘My connection’ com comando de voz.
Caminhando para a área de desempenho, sua versão de entrada – a S 1.0 MT, conta com Ti-VCT flex de três cilindros, que consegue entregar 80 cv com gasolina e 85 cv com etanol, a 6.500 rpm, e torque de 10,2 e 10,7 kgfm, respectivamente, a 3.500 rpm. Ele está disponível somente com o câmbio manual de cinco marchas.
Sua aceleração o permite sair de 0 a 100 km/h em 13.9 segundos e sua velocidade máxima é de 166 km/h.
Mais caro do que os dois primeiros colocados de nosso ranking dos melhores carros populares do Brasil na atualidade, seu custo inicial é de R$ 57.890.
4 – Memória afetiva junto aos brasileiros posiciona o Uno entre os melhores carros populares do país
Um dos modelos mais conhecidos da história recente da categoria populares do automobilismo brasileiro, o Uno, da montadora italiana FIAT, busca compensar no preço mais acessível, na memória afetiva e na simplicidade suas armas para competir com modelos mais tecnológicos, como o HB20, ou potentes, como UP.
Em termos de design o hatch possui seu formato característico de ‘quadrado redondo’, com faróis mono parábolas.
Sua parte dianteira é alta e tem grande em dois níveis, mesclando as linhas e molduras que já fazem parte do gosto do consumidor desde a primeira versão do ‘novo uno’, quando ele deixou para trás seu visual dos anos 90.
A parte traseira tem um charme especial em suas lanternas transparentes e no para-choque de formato esportivo. Seus sensores de estacionamento e sua câmera de ré à mostra também acrescentam à equação.
Internamente, o Uno 2020 tem como destaque as janelas de altura baixa responsáveis por oferecer maior liberdade visual ao motorista.
Em suma, não havia muito o que mudar. O Uno é o Uno. E precisa continuar sendo Uno para, como mencionamos no início desse tópico, ativar a memória afetiva do consumidor brasileiro.
Em termos de equipamento, o veículo possui controles de tração de estabilidade, sistema de áudio com Bluetooth e USP, sistema de integração com o smartphone, um assistente de partido em rampa.
Além disso, ele traz direção elétrica, ar-condicionado, console de teto, uma utilíssima tomada de 12V – bem como a segurança da trava automática das portas ao atingir a velocidade mínima de 20 km/h.
Seus vidros e travas elétricas e o airbag duplo (para passageiro e motorista) também merecem ser citados.
Na parte de desempenho, o Uno 2020 traz em seu modelo de entrada – o Attractive 1.0, um motor Firefly 1.0 é capaz de entregar 72 cavalos a 6.250 com gasolina e 77 cavalos aos mesmos 6.250 rpm com etanol. Além disso, dá torques de 10,4 kgfm a 3.250 rpm quando abastecido pelo primeiro, e 10,9 kgfm a 3.250 com o segundo.
Em termos de potência, o motor 1.0 produz uma aceleração que permite ao Uno ir de 0 a 100 km/h em 12,5 segundos, bem como atingir uma velocidade máxima de 157 km/h.
O quarto entre os melhores carros populares do país tem seu preço inicial de mercado no valor de R$ 46.490.
5 – Renault Kwid é o mais barato entre os carros populares brasileiros
O mais barato entre os carros populares da atualidade, o Kwid – da francesa Renault, veio para substituir conhecido modelo Clio e competir no mercado com modelos de concorrentes como o Fiat Uno e o Volkswagen UP.
Seu visual se destaca pela cintura alta, a frente em formato retangular que mistura robustez e estilo, suas quatro portas e as grossas colunas C.
Compacto e de aparência forte, o Kwid é facilmente confundido com um carro do tipo aventureiro por alguém menos atento – impressão que é ainda mais aguçada quando somamos na mistura suas colorações disponíveis de fábrica: Laranja Ocre, Marfim, Branco Neige, Preto Nacré, Vermelho Fosco e Prata Etoile – cores características muito mais entre os aventureiros do que entre os populares ‘de entrada’.
Por dentro, seus bancos misturam couro e tecido com padronagem biton e o porta-luvas espaçoso são os principais destaques em um contexto em que Multimidia com GPS e os 14 litros de porta-objetos também são dignos de menção.
Em termos de equipamento – nada além do simples e essencial, exceto pelo duplo airbag e os airbags laterais.
Ele possui: abertura interna do porta-malas, calotas aro 14 polegadas, indicador de marcha e condução, desembaçador do vidro traseiro, tomada 12V – além de predisposição para rádios e alto-falantes e antena.
Mesmo ar-condicionado e direção elétrica, tão comuns nos modelos de entrada da atualidade, são opcionais no Renault Kwid.
Sua versão de entrada – o Life 1.0 SCe, possui motor SCE de três cilindros, com potência de 66 cavalos a 5.500 rpm e torque de 9,4 kgfm a 4.250 rpm quando abastecido à gasolina e 70 cavalos a 5.500 rpm e torque de 9,8 kgfm a 4.250m rpm quando operando a base de álcool.
Tais atributos de seu motor, permitem que o Kwid acelere de 0 a 100km/h em um espaço de 15,5 segundos e alcance uma velocidade máxima de 156 km/h.
Com configurações mais básicas que seus concorrentes – da tecnologia de equipamento ao desempenho a engenharia, o Kwid aposta no preço de R$ 34.790 para se destacar.
Estratégia que, aliás, vem sendo para lá de bem sucedida – ao passo que foi ele o carro mais vendido do Brasil em 2019.